sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

France Fooball acusa "Qatargate" de comprar votos

O semanário "France Football" lançou esta terça-feira uma série de interrogações sobre a atribuição do Mundial'2022 ao Qatar, numa reportagem em que denuncia negociatas envolvendo Michel Platini e o ex-chefe de Estado francês, Nicolas Sarkozy.

A revista justifica o título da reportagem ("Mundial 2022 - Qatargate") com aquilo que considera ser "um cheiro a escândalo que obriga a colocar a única questão que conta nesta altura: deve a escolha do Qatar ser anulada?"

O France Football ressuscita um e-mail trocado no seio da FIFA, no qual o seu secretário-geral, Jerome Valcke, escreve: "Eles compraram o Mundial'2022." Valcke assumiu posteriormente o erro e sublinhou que o tom usado no correio eletrónico até foi ligeiro.

O caso mais "picante" avançado na edição desta terça-feira diz respeito a uma "reunião secreta" no Palácio do Eliseu, a 23 de novembro de 2010, 10 dias antes da votação da FIFA para escolher o país organizador do Mundial'2022, entre Nicolas Sarkozy, o príncipe do Qatar, Tamim bin Hamad al-Thani, o Presidente da UEFA, Michel Platini, e Sébastien Bazin, representante da Colony Capital e proprietário do clube de futebol Paris SG, que enfrentava sérias dificuldades financeiras.

Durante a reunião, continua o jornal, discutiu-se a compra do Paris SG pelo Qatar, um aumento da participação de empresas do emirado no grupo francês Lagardère e a criação de um canal televisivo de desporto para competir com o Canal +, que o ex-presidente francês pretendia fragilizar. Em troca, Platini comprometia-se a trocar a opção pelos Estados Unidos, que ele estaria a ponderar, pelo voto no Qatar.

Michel Platini reagiu num comunicado enviado à agência AFP, classificando a reportagem de "chorrilho de mentiras" e negando qualquer pedido de Sarkozy para que a UEFA votasse no Qatar. "Repito aquilo que já disse: o presidente Sarkozy jamais se permitiria pedir-me para votar no Qatar 2022, quando ele sabe que eu sou um homem livre", acentuou Platini, afirmando ter feito a sua escolha "de forma independente". Numa "lógica simples" e "com toda a transparência", optou por um país que nunca organizou um grande evento desportivo.

Numa investigação de 16 páginas, o semanário também cita Guido Tognoni, um ex-diretor de comunicação da FIFA excluído em 2003, que terá admitido "existir uma forte suspeita de compromisso" em torno dos membros da Federação que votaram a 2 de dezembro de 2010 no Qatar, cuja candidatura foi apresentada com um orçamento recorde de 33,7 milhões de euros.

O Qatar contou com apoios poderosos, como o do presidente da Federação Asiática Mohammed Bin Hammam, irradiado em dezembro passado, o presidente da Federação Argentina e vice-presidente da FIFA Julio Grondona, ou ex-presidente da Federação Brasileira, Ricardo Teixeira, que renunciou ao cargo em março após acusações de corrupção.

O jornal aponta também o caso do presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), o paraguaio Nicolas Leoz, que há duas semanas negou acusações de compra de votos publicadas na imprensa alemã. O jornal francês recorda que o Mundial'2022 poderá ser transferido para os Estados Unidos se o Qatar perder a organização.

Interrogada pela France Football, a organização declarou: "Ganhámos a organização do Mundial'2022 respeitando do princípio ao fim os mais altos padrões de ética e da moral, tal como estão definidos nos regulamentos e nos cadernos de encargos."

Fonte : Record

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